quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Feliz 2009!!!

Pessoal,

Estou abrindo 2009 com textos lindos, que encontrei no site http://www.quatropatas.org.br.
Alguns fazem chorar. São lindos e vale a pena ler.

No próximo post, contarei as novidades das meninas.

Bjs
Tati

Não era um anjo?

O pequeno filhote e o cão mais velho estavam deitados à sombra, sobre a grama verde, observando os reencontros. Às vezes um homem, às vezes uma mulher, às vezes uma família inteira se aproximava da Ponte do Arco-Íris, eram recebidos por seus animais de estimação com muita festa e juntos cruzavam a ponte.

Um filhotinho cutucou um cão mais velho: “Olha lá! Tem alguma coisa maravilhosa acontecendo!”. O cão mais velho se levantou e latiu: “Rápido! Vamos até a entrada da ponte!”. “Mas aquele não é o meu dono”, choramingou o filhotinho; no entanto obedeceu.

Milhares de animais de estimação correram em direção àquela pessoa vestida de branco que caminhava em direção à ponte. Conforme aquela pessoa iluminada passava entre os animais, eles o reverenciavam em sinal de amor e respeito. A pessoa finalmente chegou à ponte e foi recebida por uma multidão de animais que lhe faziam muita festa. Juntos, eles atravessaram a ponte e desapareceram.

O filhotinho ainda atônito perguntou baixinho: "Aquele era um anjo?". "Não, filho", respondeu o cão mais velho. "Aquele era mais que um anjo. Era uma pessoa que trabalhava ajudando os animais."

Autoria Desconhecida

Testamento de um cão

Minhas posses materiais são poucas e deixo tudo para você.

Deixo para você uma coleira mastigada numa das extremidades em que faltam dois botões, uma desajeitada cama de cachorro e uma vasilha de água que está rachada na borda.

Deixo para você a metade de uma bola de borracha, uma boneca rasgada que você vai encontrar debaixo da geladeira, um ratinho de borracha sem apito que está debaixo do fogão da cozinha e uma porção de ossos enterrados no canteiro de rosas e sob o assoalho da minha casinha.

Além disso, deixo para você as lembranças que, aliás, são muitas.

Deixo para você a memória de dois enormes e meigos olhos marrons, de uma caudinha curta e espetada, de um nariz bem molhado e de algumas choradeiras atrás da porta.

Deixo para você uma mancha no tapete da sala de estar, bem do lado da janela, de quando, nas tardes de inverno, eu me apropriava do lugar e me enrolava feito uma bolinha para pegar um pouco de sol.

Deixo para você um tapete meio esfarrapado em frente da tua cadeira preferida que nunca foi consertado com o tipo de linha certo. É verdade, eu o mastiguei todinho quando ainda tinha cinco meses de idade, lembra?

Deixo para você um esconderijo que fiz no jardim embaixo dos arbustos perto da varanda da frente, onde eu encontrava abrigo nos dias de verão. Ele deve estar cheio de folhas agora e por isso talvez você tenha dificuldade em encontrá-lo. Sinto muito!

Deixo só para você, o barulho que eu fazia ao sair correndo sobre as folhas de outono quando passeávamos pelo bosque.

Deixo também só para você, a lembrança de momentos matinais, quando caminhávamos juntos à margem do riacho e você me dava biscoitos de baunilha.

Recordo-me das tuas risadas, quando não consegui alcançar um coelho impertinente.

Deixo-lhe como herança minha devoção, minha simpatia, meu apoio em tempos que as coisas não iam bem, meus latidos nos momentos que você levantava a voz aborrecido e a minha frustração por você ter ralhado comigo.

Eu nunca fui à igreja e nunca escutei um sermão. No entanto, mesmo sem haver falado sequer uma palavra em toda a minha vida, deixo para você o exemplo de paciência, amor e compreensão.

Autoria Desconhecida

Encontrei seu cão

Hoje encontrei seu cão. Não, ele não foi adotado por ninguém. Aqui por perto a maioria das pessoas já tem vários cães e quem não tem nenhum não quer um cão. Eu sei que você esperava que ele encontrasse um bom lar quando o deixou aqui, mas ele não encontrou. Quando o vi pela primeira vez ele estava bem longe da casa mais próxima, sozinho, com sede, magro e mancando por causa de um machucado na pata.

Eu queria tanto ser você no momento em que parei na frente dele! Então poderia ver sua cauda abanando e seus olhos brilhando ao pular em teus braços, pois ele sabia que você o encontraria, sabia que você não o esqueceria. Poderia ver o perdão nos olhos dele por todo sofrimento e dor que passara na interminável jornada à tua procura. Mas eu não era você. E apesar de minhas tentativas de convencê-lo a se aproximar, os olhos dele viam um estranho. Ele não confiava em mim. Ele não se aproximava.

Então ele se virou e seguiu seu caminho, pois tinha certeza de que o caminho o levaria a você. Ele não entendia porque você não o estava procurando. Ele só sabia que você não estava lá, sabia que precisa te encontrar e que isso era mais importante do que comida, água ou o estranho que poderia lhe dar essas coisas.

Percebi que seria inútil tentar persuadi-lo ou segui-lo. Nem o nome dele eu sabia! Fui para casa, enchi um balde com água, coloquei comida numa vasilha e voltei para o lugar em que o encontrara. Não havia nem sinal dele, mas deixei a água e a comida debaixo da árvore onde ele estivera descansando ao abrigo do sol. Veja bem, ele não é um cão selvagem. Ao domesticá-lo, você tirou dele o instinto de sobrevivência nas ruas. Ele só sabe que precisa caminhar o dia todo. Ele não sabe que o sol e o calor podem custar-lhe a vida. Ele só sabe que precisa te encontrar.

Aguardei na esperança de que voltasse a buscar abrigo sob a árvore, na esperança de que a água e a comida fizessem com que confiasse em mim; assim poderia levá-lo para casa, cuidar do machucado da sua pata, dar-lhe um canto fresco para se deitar e ajudá-lo a entender que você não faria mais parte vida dele. Ele não voltou naquela manhã e a água e a comida permaneceram intocadas. Fiquei preocupada. Você deve saber que poucas pessoas tentariam ajudar teu cão. Algumas o enxotariam, outras chamariam a carrocinha que lhe daria o destino que você talvez achasse que o libertaria de todo o sofrimento pelo qual porventura estivesse passando.

Voltei ao mesmo lugar antes do anoitecer e não o encontrei. Na manhã seguinte, retornei e vi que a água e a comida continuavam intactas. Ah, se você estivesse aqui para chamá-lo pelo nome, tua voz lhe é tão familiar! Comecei a caminhar na direção que ele havia tomado antes, mas sem muita esperança de encontrá-lo. Ele estava tão desesperado para te encontrar, que seria capaz de caminhar muitos quilômetros em 24 horas.

Horas mais tarde e a uma boa distância do lugar onde o vira pela primeira vez, finalmente encontrei seu cão. A sede já não o atormentava, sua fome fora saciada, suas dores haviam passado, o machucado da pata não o atormentaria mais. Seu cão estava morto. Livrara-se do sofrimento.

Ajoelhei-me ao lado dele e amaldiçoei você por não estar ali antes para que eu pudesse ter visto brilho naqueles olhos vazios, nem que só por um instante. Rezei, pedindo que sua jornada o tivesse levado ao lugar que imagino você esperava que ele encontrasse. Se você soubesse por quanta coisa ele passou para chegar lá... E sofri, sofri muito, pois sei que se ele acordasse agora e se eu fosse você, os olhos dele brilhariam ao vê-lo e ele abanaria o rabo perdoando-o por tê-lo abandonado.

Autoria Desconhecida

Tradução: Silvia D. Schiros

Você me ensinou

Eu lembro da primeira vez que te vi, saindo do avião, coberta de baba, se escondendo atrás da tua caixa. Você estava com medo do mundo, o mundo era muito grande e frio. Eu te estendi minha mão e você a beijou. Eu te pedi para vir comigo e ver o mundo. E só porque eu te pedi, você veio. Eu me lembro daquele dia. VOCÊ ME ENSINOU A ACREDITAR.


Eu lembro de você filhote ainda, rodeada de brinquedos, colocados lá somente para você. Eu ria enquanto você balançava a cabeça e latia me convidando a brincar. Você pegava minha meia ou meu sapato e fugia só para eu te perseguir até você me devolver o que tinha pegado. Eu me lembro daqueles dias. VOCÊ ME ENSINOU A BRINCAR.

Eu lembro de você adulta, grande e forte. Eu via você saudar visitas abanando o rabo com o olhar atento. Eu sorria e me sentia seguro, pois você estava ao meu lado. Eu me lembro daqueles dias. VOCÊ ME ENSINOU A TER CORAGEM.

Eu lembro de você como uma nova mamãe rodeada de filhotinhos. Sentei ao teu lado, te mostrei um por um e vi como você os inspecionou aprovando-os. Você os limpou e tomou conta deles, embora cansada e desgastada. Eu me lembro daquele dia. VOCÊ ME ENSINOU A SER FORTE.


Eu lembro de você como uma mãe rodeada de filhotes crescendo. Eu ria enquanto você fazia caretas de dor, quando um deles te mordia e tentava te fazer brincar. Eu via você segurá-los e limpá-los, enquanto eles tentavam se livrar. Eu me lembro daqueles dias. VOCÊ ME ENSINOU A TER PACIÊNCIA.


Eu lembro de você velha e cansada. Muitas vezes quis te abraçar e chorar. Você me olhava com aqueles olhos marrons claros tão queridos e familiares. Um dia, a tua alma falou com a minha, você deixou este mundo e eu murmurei "Adeus". E mesmo naquele momento, com meus os olhos ardendo de tanto chorar, você me ensinou uma última lição. Eu sempre me lembrarei daquele dia. VOCÊ ME ENSINOU A AMAR.

De Greg Hibler - Leviathans Lair Mastiffs

Diário de um cão

1ª semana.
Hoje faz uma semana que nasci! Que alegria ter chegado a esse mundo!!!

1º mês.
Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar.

2 meses.
Hoje me separaram da mamãe. Ela estava muito inquieta e seus olhos me disseram adeus esperando que minha nova "família humana" cuidasse de mim como ela o fizera.

4 meses.
Cresci muito rápido, tudo chama a minha atenção. Há várias crianças na casa que são como meus "irmãozinhos". Somos muito levados, eles me jogam uma bola e eu saio correndo atrás dela...

5 meses.
Hoje me castigaram, minha dona se zangou porque fiz "pipi" dentro de casa...Mas nunca me disseram onde eu deveria fazê-lo e como durmo na área de serviço não me agüentei!!!

6 meses.
Sou um cão feliz. Tenho o calor de um lar, sinto-me seguro e protegido. Creio que minha família humana me ama. Quando estão comendo me convidam, o pátio é somente para mim e eu estou sempre cavando como os meus antepassados lobos, que escondiam a comida em buracos cavados na terra. Nunca me educam, seguramente porque nada faço de errado!

12 meses.
Hoje completei um ano. Sou um cão adulto e meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulhosos devem estar de mim!!!

13 meses.
Como me senti mal hoje... Meu "irmãozinho" pegou a minha bola. Como nunca pego os brinquedos dele, eu o mordi, mas meus dentes estão muito fortes e machuquei-o sem querer. Depois do susto me prenderam, quase não posso me mexer nem tomar um pouco de sol. Dizem que sou ingrato e que vão me deixar em observação. o entendo nada do que está acontecendo!

15 meses.
Tudo mudou... Vivo no pátio, preso na corrente e me sinto muito só. Minha família já não me quer. Às vezes esquecem que tenho fome e sede e quando chove não tenho teto que me cubra.

16 meses.
Hoje me desacorrentaram e pensei que tinham me perdoado. Fiquei tão contente! Dava saltos de alegria e meu rabo parecia um molinete. Parece que vou passear com eles. Subimos no carro, atrelamos o carreto, percorremos um grande trecho e paramos. Abriram a porta e eu desci correndo, feliz, acreditando que era dia de passeio no campo. Não entendo porque fecharam a porta e se foram... "Esperem!!!", lati. "Esqueceram de mim!!!", lati bem alto. Corri atrás do carro com todas as minhas forças, minha angústia aumentou ao perceber que o carro se afastava e eles não paravam. Tinham me abandonado.

17 meses.
Procurei, em vão, achar o caminho de volta para casa. Sento-me no caminho, estou perdido e algumas pessoas de bom coração me olham com tristeza e me dão algo para comer. Eu agradeço com um olhar do fundo de minha alma; quisera me adotassem, eu seria leal como ninguém. Porém eles apenas dizem "pobre cãozinho, deve estar perdido”.

18 meses.
Outro dia passei por uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus "irmãozinhos". Cheguei perto e alguns deles, dando risadas, atiraram pedras em mim "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma pedra atingiu um dos meus olhos e desde então não enxergo mais com ele.

19 meses.
Parece mentira, mas quando eu era mais bonito as pessoas se compadeciam mais de mim. Agora que estou muito fraco, com o aspecto bem mudado e perdi meu olho, as pessoas me tratam a pontapés quando pretendo me deitar numa sombra.

20 meses.
Quase não posso me mover. Hoje, ao atravessar uma rua um carro me atropelou e, pelo que compreendi, me puseram num lugar “seguro” chamado sarjeta. Nunca vou me esquecer do olhar de satisfação do motorista; antes tivesse me matado, porém só me deixou descadeirado. A dor foi terrível, minhas patas traseiras não se mexiam e com bastante dificuldade fui me arrastando até uma moita ali perto. Já faz 10 dias que estou sem comer debaixo de sol, chuva e frio. Não posso me mover, a dor continua insuportável. Sinto-me muito mal, estou num lugar úmido e parece que meu pelo está caindo.
Algumas pessoas passam e não me vêem; outras me dizem: "não se aproxime". Já estou quase inconsciente, de repente uma estranha força me faz abrir os olhos, a doçura de uma voz me fez reagir. "Pobre cãozinho, veja como te deixaram", disse. Junto com a dona daquela voz doce estava um senhor de roupa branca. Ele me examinou e falou: "Sinto muito senhora, mas esse cão já não tem remédio, o melhor é que deixe de sofrer." A gentil mulher consentiu com os olhos cheios de lágrimas. Do jeito que pude, abanei o rabo olhando para ela em agradecimento por me ajudar a descansar. Senti somente a picada de uma injeção e pensando em porque nasci se ninguém me queria, dormi para sempre ali naquele lugar.